domingo, 26 de abril de 2015

Balanço de um ano

Faz hoje um ano que foi lançado o meu livro "Autismo e Atraso de Desenvolvimento - Um estudo de caso" editado pela Fundação A Lord, instituição da minha terra natal dedicada à divulgação cultural e ao altruísmo.

A obra é resultado do trabalho final realizado no âmbito da minha especialização em Educação Especial na Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, que tem a particularidade do caso de estudo ser o meu próprio filho, o mais novo de dois rapazes, diagnosticado com perturbação do espectro do autismo.

Apesar de não estar nos circuitos comerciais, o livro está praticamente esgotado, tendo sido já aprovada uma segunda edição. Este sucesso deve-se principalmente ao tema em causa e à questão da inclusão inexoravelmente a ele associado, algo que suscita muitas interrogações e inquietações.

Até ao momento, obra foi alvo de 16 apresentações públicas e estão agendadas mais nos próximos tempos. Mais de que meras apresentações, estas sessões constituíram-se  como importantes momentos de sensibilização, reflexão e partilha de experiências e inquietações sobre a problemática do autismo e das necessidades educativas especiais, quase sempre, com grande participação do público presente, composto essencialmente por pais, professores, terapeutas, psicólogos, assistentes operacionais e estudantes.

Toda esta dinâmica permitiu-me aprender muito e enriquecer-me enquanto pai, professor e cidadão. Ao mesmo tempo, aumentou a minha responsabilidade principalmente perante aqueles que vivenciam a problemática do autismo de forma muito próxima.
Sinto-me hoje mais capaz de assumir essa responsabilidade e espero continuar a contribuir para sensibilizar o público para tão importantes temas.

Obrigado a todos que tornaram possível este projeto e a todos que participaram nas múltiplas sessões de apresentação!

Apresentações já realizadas:

1 - Fundação A Lord, Lordelo (Paredes). 26 abril 2014


2 - Biblioteca Municipal de Aljustrel. 24 junho 2014


3- Biblioteca Municipal de Castelo de Paiva. 28 junho 2014


4 - Semana Cultural Vinh'Artes, Sobreira (Paredes). 24 agosto 2014


5 - Feira do Livro de Ervidel (Aljustrel). 13 dezembro 2014


6 - Biblioteca Municipal de Alpiarça. 17 janeiro 2015


7 - Biblioteca Municipal de Almeirim. 17 de janeiro 2015


8 - Biblioteca Municipal de Portalegre. 28 janeiro 2015


9 - Escola Secundária Rainha Santa Isabel, Estremoz. 3 fevereiro 2015



10 - VII Encontro de Intervenção Precoce do Distrito de Portalegre, Ponte de Sor. 27 fevereiro 2015


11 - Biblioteca Municipal do Cartaxo. 5 março 2015


12 - Biblioteca Pública de Évora. 14 março 2015


13 - Escola Secundária de Ponte de Sor. 17 março 2015


14 - Escola Superior de Educação de Santarém. 21 março 2015


15 - Biblioteca de Fânzeres (Gondomar). 2 abril 2015


16 - Biblioteca Municipal de Almodôvar. 11 abril 2015



quarta-feira, 22 de abril de 2015

Um livro


Levou-me um livro em viagem
não sei por onde é que andei
Corri o Alasca, o deserto
andei com o sultão no Brunei?
P’ra falar verdade, não sei
Com um livro cruzei o mar,
não sei com quem naveguei.
Com marinheiros, corsários,
tremendo de febres e medo?
P’ra falar verdade não sei.
Um livro levou-me p’ra longe
não sei por onde é que andei.
Por cidades devastadas
no meio da fome e da guerra?
P’ra falar verdade não sei.
Um livro levou-me com ele
até ao coração de alguém
E aí me enamorei –
de uns olhos ou de uns cabelos?
P’ra falar verdade não sei.
Um livro num passe de mágica
tocou-me com o seu feitiço:
Deu-me a paz e deu-me a guerra,
mostrou-me as faces do homem
– porque um livro é tudo isso.
Levou-me um livro com ele
pelo mundo a passear
Não me perdi nem me achei
– porque um livro é afinal…
um pouco da vida, bem sei.
O G é um gato enroscado, João Pedro Mésseder

Escola Alerta 2015

Um exemplo de inclusão.
"Amar as pessoas como elas são!"


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sexta-feira, 17 de abril de 2015

Bomporto


Visitei, hoje, a Bomporto - Cooperativa de Solidariedade Social, sediada em Gemunde (Maia) onde pude constatar a importância de uma instituição que tenta dar resposta a um problema que preocupa muitos pais com filhos com necessidades especiais: a vida pós-escolar e a necessidade de encontrar cuidadores quando os pais já não conseguirem tomar conta dos seus filhos.

Esta instituição nasceu da vontade e empenho de alguns pais e têm como principais objectivos:
- Promover a integração social e familiar das pessoas com deficiência ou incapacidade superior ou igual a 50%;
- Criar um Centro de Desenvolvimento de Competências, um Centro de Atividades Ocupacional e construir "lares residenciais;
- Realizar ou apoiar iniciativas de interesse para os seus beneficiários no plano ocupacional, profissional, cultural, desportivo, etc.

A Bomporto, assim como outras instituições com objetivos similares, lutam para integrar os seus utentes no mundo laboral e social, num país ainda pouco acolhedor à diferença, estabelecendo as parcerias possíveis com empresas, autarquias e serviços públicos. Os obstáculos são imensos, mas a vontade de alguns pais para os ultrapassar é gigantesca.

Como pai e como cidadão desejo a melhor sorte para a concretização dos intentos desta instituição, assim como de tantas outras por este país fora, que fazem da vontade dos pais uma arma de mudança.

domingo, 12 de abril de 2015

Almodôvar - Uma biblioteca inclusiva

Ontem, a minha longa deslocação a Almodôvar, valeu realmente a pena!



Num sábado solarengo, foi com grande satisfação que vi tanta gente interessada em ouvir falar sobre a questão do autismo. Como noutras ocasiões, a apresentação do meu livro foi um bom pretexto para discutir e refletir a forma como a escola e a sociedade encaram esta problemática. Uma plateia composta por pais, terapeutas e técnicos e muitos colegas professores, alguns da Educação Especial, que expuseram inquietações pertinentes, entre elas a questão do apoio aos pais face ao impacto do diagnóstico e a sua preocupação relativamente ao processo de inclusão dos seus filhos, designadamente em contexto escolar.


Mas antes da sessão, a gentil diretora da Biblioteca Sulina Guerreiro, além de mostrar as instalações, apresentou-me uns livros muito interessantes. Trata-se de algo em permanente construção e elaborado por utentes muitos especiais. "Inclusão de Histórias" é um projeto simples mas significativo levado a cabo pela Biblioteca Municipal de Almodôvar, que consiste na criação de pequenos contos com a participação direta dos utentes da Cercicoa, uma instituição que promove a inclusão de pessoas com deficiência nos concelhos de Almodôvar, Castro Verde e Ourique. Um projeto que promove a expressividade e a criatividade de pessoas "especiais", onde todos saem a ganhar. 

Um importante exemplo de uma biblioteca inclusiva.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Plataforma digital móvel para cegos


Aumentar a autonomia dos cegos ou de pessoas com visão reduzida, permitindo a sua inclusão num maior conjunto de atividades e melhorando a sua qualidade de vida, através de uma plataforma digital móvel: é este o objetivo do projeto CE4BLIND (Context Extraction for the blind using computer vision), que está a ser desenvolvido pelo INESC TEC, em colaboração com o a  Universidade do Texas em Austin (UT Austin) e da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO).


Ler mais aqui.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Programa de contratação de pessoas autistas na Microsoft




“Na Microsoft, nós acreditamos que a diversidade enriquece o nosso desempenho, nossos produtos e serviços, a comunidade onde vivemos e trabalhamos e a vida dos nossos empregados”, disse a executiva em um post no blog da empresa. Ela reforça que a companhia oferece um ambiente inclusivo “onde todos podem dar o seu melhor no trabalho” e investe em programas do tipo há vários anos."

Ler mais aqui ou aqui.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Poema

Ame-me,
Por favor
Como eu sou…
Ame-me
Como você
Gostaria que eu fosse.
Quem me concebeu…
Não imaginou
Que seria assim tão duro…
Entender que vim autista.
Mas ame-me
Fale-me desse amor
Mesmo que eu não pareça entender
Mesmo que eu fuja e me refugie
Busque-me não deixe eu me perder…
Ame-me…
Como se visse em mim
A imagem e semelhança de ti
No espelho das águas…
 
Não se importe
Com minha falta de compreensão
Treine-me para entender o mundo
Mas acima de tudo
Ame-me…
Como se eu tudo entendesse
Como se eu não fosse um peso
Demonstre seu amor
Mesmo que eu não saiba
O significado da palavra…
Deus, eu posso sentir…
E creia que em meus sonhos
Eu te vejo e te amo…
Não me negue esse amor
Que enxerga além da matéria
Pois é dele que necessito…
E se nas horas que de ti eu exijo demais
Mesmo nas dúvidas constantes
Aquelas que você às vezes tem vontade de desistir
Por favor, não desista, mas Ame-me….
 Liê Ribeiro (mãe do Gabriel Gustavo, menino autista)

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Fânzeres - Consciencializar e debater o autismo

No âmbito do Dia Internacional da Consciencialização do Autismo, foi com muita honra que aceitei o convite para apresentar o meu livro "Autismo e Atraso de Desenvolvimento - Um estudo de caso" por parte da Junta da União de Freguesias de São Pedro da Cova e de Fânzeres. 



A apresentação teve lugar, ontem, na Biblioteca de Fânzeres, e constituiu mais um importante momento de reflexão e partilha de experiência sobre a problemática do perturbação do espectro do autismo. 
Estive ladeado, na mesa, por Daniel Vieira, presidente da Junta e por Andreia Pinto, membro do Executivo da Junta, que iniciou a sessão e introduziu o tema. 



Entre a plateia, professores, psicólogos, terapeutas, estudantes e pais, entre os quais Jorge Ascenção, presidente da CONFAP - Confederação Nacional da Associação de Pais.




Em seguida, houve uma largada de balões azuis, um acto simbólico que registei com particular apreço.



Obrigado pelo convite e obrigado a todos os presentes na sessão de ontem!

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Dia Mundial da Consciencialização do Autismo - Tornar o mundo mais azul!



Comemora-se, hoje, o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo.

Em 2008, a Organização das Nações Unidas decretou o dia 2 abril como o Word Autism Awareness Day. A institucionalização desta data, dedicada à consciencialização das perturbações do espectro do autismo, resulta da luta de muitas organizações, principalmente de pais, que um pouco por todo o mundo, tentam eliminar o preconceito e as ideias feitas à volta da pessoa autista, com vista à promoção da sua autonomia e principalmente à sua inclusão escolar e social.

Desde essa altura, as expressões públicas do simbolismo desta data envolvem diversas instituições, desde as autarquias até às escolas, onde todos são convidados a vestir de azul, lançar balões de cor azul ou iluminar os lugares e edifícios públicos de azul, entre outras iniciativas onde o azul predomina. O azul é, assim, a cor associada a esta importante data.

Tudo indica que a razão do azul deve-se ao facto da prevalência do autismo ser maior no sexo masculino, numa razão de 4:1. Mas também, acrescento eu, porque o azul representa uma outra forma muito própria de ver a realidade pelas pessoas com esta perturbação, onde a memória e perceção visual são áreas fortes e porque também, por norma, os meninos e meninas autistas não evidenciam qualquer anomalia fisionómica, antes pelo contrário, são pessoas muitas bonitas.

A comemoração deste dia é ainda mais importante num tempo onde a prevalência do autismo tem aumentado. Fala-se em cerca de um por cento a nível mundial e Portugal não será exceção. Não vou discutir se o aumento da prevalência se deve aos diagnósticos cada vez mais apurados e precoces, ou, como alguns advogam, ao peso cada vez maior dos fatores ambientais.

É sabido que a luta a favor da consciencialização do autismo tem alcançado cada vez mais notoriedade, mas ainda há muito a fazer na autêntica inclusão da pessoa autista nas sociedades atuais.

Abracemos, todos, esta luta!

quarta-feira, 1 de abril de 2015