“A inclusão acolhe a diversidade”. Por isso não existe uma só fórmula,
um modelo único que se possa aplicar e já está. Não. A inclusão exige um
compromisso mútuo. Um respeito absoluto pela individualidade de cada
ser humano. Sobre este e outros assuntos, a FOCUSSOCIAL conversou com
Célia Sousa, coordenadora do Centro de Recursos para a Inclusão Digital
(CRID), do Instituto Politécnico de Leiria. Só por si, o seu gesto e
sorriso incluem. Recebeu-nos, assim, claramente disponível e tomada de
uma energia contagiante, vital a quem tem por missão derrubar
obstáculos. Seja uma barreira física ou outra qualquer. Pode até ser o
abrir caminho para chegar a uma história a que todos, à partida, temos
acesso. Mas não é verdade. Porque, muitas vezes, também é necessário
contar essa mesma história em braille ou por pictogramas, por exemplo. E
isto, também se faz no CRID.
Habilitar cidadãos com necessidades
especiais para a participação na sociedade de informação, nomeadamente
na área de formação em competências informáticas básicas é um dos
objetivos do CRID que também está apto a avaliar e a prestar
aconselhamento sobre os tipos de equipamento ou ajudas técnicas e
respetivas estratégias de utilização, adequadas às necessidades do
cidadão com deficiência. Mas não se fica por aqui. O CRID apoia e dá
formação a profissionais das escolas, dos hospitais, das associações de
apoio a deficientes, da segurança social, das entidades empregadoras e,
até, aos pais e outros educadores. No CRID estuda-se, ainda, o potencial
de desenvolvimento, através da investigação, conceção ou adaptação de
tecnologias na área das ajudas técnicas, cruzando saberes e experiências
de múltiplas áreas científicas.
Desta forma o CRID, único no país,
está adestrado a apoiar os cidadãos com necessidades especiais e
respetivos familiares, marcando a diferença a nível regional, nacional
e, até, internacional.
“Pretendemos fomentar a utilização das
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) por parte de todos os
cidadãos dando o nosso contributo para uma sociedade inclusiva capaz de
dar resposta às diferentes necessidades dos diversos indivíduos da nossa
sociedade”, diz Célia Sousa, acrescentando que “derrubar obstáculos é
promover a inclusão. E são tantos e tão diversos que não temos mãos a
medir”.
Autora de livros infanto-juvenis, Célia Sousa é licenciada
em Educação Especial (domínio cognitivo ou motor), doutorada em Ciências
da Educação, diplomada em Estudos Avançados na área da comunicação com
um trabalho intitulado “A Escola Inclusiva no século XXI e o uso da
Comunicação não-verbal como resposta aos alunos com Necessidades
Educativas Especiais “.
Gosta muito de escrever e de brincar. Quando
em pequena lhe perguntavam o que queria ser, dizia que queria ganhar o
Prémio Nobel que, lá no seu entendimento, era uma forma de dizer que
queria praticar o bem, fazer coisas boas! E faz. E sente-se “muito
realizada” neste caminho que escolheu, o de trabalhar para que todos
aqueles que são especiais – crianças ou adultos – não fiquem do lado de
fora. Do lado dos que não têm acesso por este ou por aquele motivo.
Importante
mesmo, é incluir. E trabalhar para uma sociedade mais inclusiva é o que
a vasta equipa multidisciplinar faz no CRID e a partir de lá. Seja a
adaptar um brinquedo ou um computador; a adaptar uma história, uma
ementa, ou um guia de museu, o importante - mesmo muito importante - é
que cada cidadão sinta que lá por ter nascido ou ter ficado “especial”
há quem se empenhe para que o quotidiano seja menos penoso. Quer se
trate de trabalho ou mera situação lúdica, incluir é o lema do CRID e
das pessoas que lá trabalham.
Ler a entrevista aqui.
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