Há cerca de 79 mil alunos com Necessidades Educativas Especiais em Portugal. Os dados preliminares deste ano letivo foram avançados pela Direção-Geral Estatísticas da Educação e Ciência.
O número de crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE) aumentou, este ano letivo, em Portugal. De acordo com os dados preliminares divulgados recentemente pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), há mais quatro mil alunos nesta condição do que no ano letivo anterior.
Além desta conclusão, os números da DGEEC adiantam que mais de metade dos alunos com NEE são rapazes: das cerca de 79 mil crianças registadas, 49 mil são do sexo masculino.
Para perceber este resultado, o JPN esteve à conversa com Ana Isabel Pinto, especializada em Psicologia do Desenvolvimento e Educação da Criança, que afirma que “não existem estudos que indiquem que os rapazes têm mais necessidades educativas que as raparigas”.
“O que parece haver é um maior problema na regulação comportamental nos rapazes e isso poderá estar ligado a problemas de concentração”, explica a psicóloga da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP).
Que condições são criadas nas escolas para receber estes alunos? Joaquim Vieira, coordenador do Ensino Especial do Agrupamento D. António Gomes, em Penafiel, adianta que os alunos com NEE estão “completamente integrados” e que a escola procura criar “medidas de acordo com a gravidade de cada caso”.
“O aluno vai para uma turma normal, pode ser uma turma reduzida ou não, conforme o que fica decidido no Plano Educativo individual do aluno, feito no final de cada ano letivo, onde se descriminam todas as medidas para ser implementadas no ano a seguir”, clarifica o professor.
Ana Isabel Pinto discorda. A psicóloga da FPCEUP acredita que nas escolas os “recursos são mal geridos”. “Muitas vezes, faz-se atendimento individualizado, retirando as crianças das salas e muitas delas precisam de estratégias que deviam ser implementadas nas próprias salas com a ajuda de terapeutas”, acrescenta.
Os dados do relatório divulgado revelam, ainda, um aumento do número de professores de Educação Especial. Por outro lado, o número de psicólogos nas escolas diminuiu de 489 no ano letivo 2014/2015, para 401 este ano letivo.
Embora este número tenha sido avançado pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, Joaquim Vieira afirma que isto não acontece no agrupamento que coordena: “Temos apenas seis professores de Ensino Especial no agrupamento e gostaríamos de ter mais”.
Ana Isabel Pinto refere que os profissionais nas escolas “são insuficientes”. “Deveria haver um rácio de mil alunos por psicólogo”, frisa.
A psicóloga acredita que “faltam pessoas com formação na área e trabalho em equipa para desenvolver um trabalho continuado com os professores e com as famílias”, remata.
In JPN-UP
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