A suta faz parte do meu imaginário dos tempos de marceneiro. Sim, é verdade, esta foi a minha primeira profissão. Devo dizer que não guardo muitas saudades, mas foi uma experiência, e como todas as experiências, trouxe conhecimento.
Este instrumento - a suta - ainda utilizado em oficinas de marcenaria e carpintaria, é formado por duas peças (normalmente uma em madeira e outra em metal) unidas através de um parafuso borboleta ou porca borboleta. A sua função é medir e traçar todos ângulos. Ao contrário do esquadro do marceneiro que só permite traçar ângulos rectos porque as peças são fixas, a suta tem duas peças movíveis, e por isso, é suficiente versátil para se adaptar às necessidades ao nível do traço e corte da madeira.
Se fizermos uma analogia com o mundo da educação, principalmente o mundo das necessidades educativas especiais, metaforicamente a suta é aquela capacidade, tão falada e tão necessária, do educador e da escola se ajustarem às necessidades de cada aluno. O educador é assim, uma espécie de marceneiro munido da sua "suta educativa", capaz de ajustar as suas estratégias, as suas habilidades e os seus conhecimentos à sua matéria-prima: o aluno, esse ser único, que constitui sempre um desafio profissional e humano.
Este não é um blogue de marcenaria ou de ofícios manuais. Não excluo alusões a estas e a outras realidades, que também constituem experiência e conhecimento. Todavia, o propósito deste espaço é ser um veículo das minhas inquietações e reflexões sobre o mundo da educação, das políticas e práticas inclusivas, na escola e fora dela. Mas também um repositório de ideias e práticas de outros, de iniciativas e reflexões alheias, desde que elas sejam produzidos com o espírito do "educador-marceneiro"!
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